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‘É uma tarefa árdua, ainda mais no Brasil’, diz atriz que deve faturar R$ 2 mi com produtora de audiovisual negro

Maria Gal busca dar protagonismo negro às produções em vídeo feitas no Brasil. Empresa atua no desenvolvimento de materiais para TV, cinema e mídias digitais


Revista Empresas & Negócios

“Quantos filmes nacionais você assistiu que tinha estampado uma atriz preta neste ano?”, provoca Maria Gal, atriz que criou a Move Maria, empresa de audiovisual que busca dar protagonismo negro, à frente e atrás das câmeras, nas produções nacionais. Ao ouvir dois filmes como resposta, sendo um deles protagonizado por um ator negro, ela elucida: “Para um país que tem 56% da população negra, está mais do que escancarado o racismo do audiovisual brasileiro.”

Gal criou a empresa há cerca de cinco anos após passar por um caso de racismo, onde foi preterida em favor de uma atriz branca para assumir um papel em um filme. A justificativa do diretor para a decisão, segundo ela, era porque a sua cor, preta, era menos comercial. “O comportamento desse direto a reproduzir um imaginário nacional de que que é negro, o que e preto, e menos comercial. Se for preto, recinto, com lábios grossos, traços mais afro, pior ainda, menos valor tem [segundo essa ideia]”, diz Gal.

Enfrentar o racismo nesse mercado, embora seja uma tarefa árdua, virou um desafio de vida para ela . Criar produções “extremamente comerciais” e rentáveis para as empresas parceiras que investem nos projetos é dos pilares da Move Maria para romper com o paradigma de que produtos feitos por e com negros não são um bom negócio. Além disso, ela busca criar novas narrativas, trazendo o protagonismo negro em todas as etapas de produção e colocando colocar pessoas negras também em cargos de poder e liderança, como direção e roteiro.

Para provar sua tese de que produções negras podem ser rentáveis, Gal traz números. Com seu recente projeto, o talk-show “Preto no Branco”, Gal conta que atingiu mais de 10 milhões de pessoas e bateu um ponto de audiência mesmo sendo exibido em um can a de televisão fechado.

“Quando falamos de produção audiovisual, estamos falando de uma cauda longa, de um programa que vai ser visto e revisto, de um time que vai para o cinema, para a TV, para o streaming. Então são muitos anos de visibilidade (para quem investir)”, aponta a empreendedora.

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